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[Crônica] A primeira vez em que vi o mar


Toda criança é cheia de sonhos. Existem aquelas que desejam se tornar jogadores de futebol e existem outras que querem ser astronautas. Existem aquelas que querem ser a estrela da novela das nove ou o próximo Michael Jackson. Mas, existem aquelas que sonham com algo bem menor, como uma nova boneca, uma chuteira legal, uma ceia de natal ou até mesmo, uma família.

Eu tive muitos sonhos durante a minha infância. Sonhava ser atriz. Sonhava ser bailarina. Sonhava em ter uma boneca que era maior do que eu (aliás, esse é meu trauma de infância, nunca tive uma boneca Stephany). Sonhava em ter super poderes, queria ser invisível. Sonhava em ver o meu pai entrando pela porta de casa, dizendo que nunca mais iria embora para outro país.


O tempo foi passando. Eu fui crescendo. E à medida que os anos passam, a gente amadure.  Comecei a entender melhor as coisas, os porquês e as razões. Comecei a sonhar com coisas maiores, como fazer uma faculdade, ter uma casa, um carro e formar a minha própria família.


Mas, havia um sonho bobo de criança adormecido dentro do meu coração. Cada vez que eu via um programa de TV ou que via uma imagem, meu coração ardia. Eu queria ver o mar. Nem era preciso mergulhar, molhar os pés, pisar na areia, eu só queria ver. Queria ver as ondas, sentir o cheiro, sentir a brisa.


O sonho de criança só foi se realizar quando eu já tinha vinte anos. Foi tudo muito rápido. Um convite, uma passagem e uma data: 18 de julho de 2016.  


Em um piscar de olhos, eu estava dentro de um avião, pela primeira vez. De Goiânia a São Paulo e horas mais tarde, de São Paulo para o Rio de Janeiro. Com os olhos vidrados na janela, eu só via nuvens. Uma obra de arte em pleno céu. E ao se aproximar do aeroporto Santos Dumont, eu o vi.


Tão lindo, tão imenso, tão perfeito, tão calmo e ao mesmo tempo, tão revolto.  Parecia que não existia mais nada, apenas eu e a imensidão do mar. Fiquei calada por alguns instantes, apenas o olhando, sentindo o perfume das águas. Não era muito agradável, mas não importava. Parecia que a minha alma havia saído do meu corpo. Me vi como uma garotinha de sete anos. Livre, leve, com o cabelo jogado ao vento e um sorriso de orelha a orelha.


Não foi nesse dia que entrei no mar. Aliás, esse nem era o meu sonho. Eu queria apenas vê-lo. E o vi. Mas, se querem saber, fiz tudo o que tinha direito. Mesmo sem saber nadar, nadei. Andei descalço na areia, catei conchinhas pelo caminho, tomei água de coco, tirei mais de 500 fotos, fiz tudo o que queria, porque, eu estava realizando o meu sonho de criança.


Pode parecer uma história boba, mas que me ensinou algo muito importante: vale à pena sonhar, vale à pena acreditar, vale à pena ter fé, porque sonhos se realizam e sempre é, quando a gente menos espera.
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